Aceitação Diagnóstica e Autocuidado Parental: A Jornada Necessária para Pais de Crianças Autistas

Entenda a importância de um orientador parental para uma criança autista. | Foto: Freepik.

Receber o diagnóstico de autismo de um filho é um momento transformador. Para muitos pais, esse instante carrega um turbilhão de emoções: alívio por finalmente entender certas dificuldades, medo do desconhecido, insegurança sobre o futuro e, em alguns casos, luto pelas expectativas que haviam sido construídas. No entanto, aceitar o diagnóstico não significa apenas compreendê-lo intelectualmente, mas também processá-lo emocionalmente e encontrar maneiras saudáveis de seguir adiante.

A Aceitação Como Processo, Não Como Destino:

Aceitação diagnóstica não é um evento único, mas um processo contínuo. Envolve aprender sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA), compreender as necessidades da criança e, principalmente, trabalhar as próprias emoções. Muitas vezes, os pais enfrentam sentimentos de culpa, frustração ou exaustão ao tentar atender todas as demandas. E é nesse ponto que a terapia se torna uma aliada fundamental.

A terapia parental auxilia na ressignificação do diagnóstico, ajudando os pais a lidarem com suas emoções sem se perderem no caminho. Ensina a diferenciar aquilo que pode ser mudado – como estratégias para melhorar a comunicação ou buscar apoios terapêuticos – daquilo que precisa ser acolhido, como as características únicas do filho.

O Autocuidado Não é Egoísmo, é Necessidade:

Cuidar de uma criança autista exige disponibilidade emocional e física. Porém, quando os pais se colocam em último lugar, a sobrecarga se torna inevitável. Exaustão parental, burnout e ansiedade podem se instalar silenciosamente, prejudicando tanto os cuidadores quanto a dinâmica familiar.

O autocuidado deve ser encarado como uma prioridade, não um luxo. Isso significa estabelecer momentos de descanso, buscar suporte emocional, dividir responsabilidades e, sempre que possível, contar com uma rede de apoio. Pais que se cuidam não apenas garantem sua própria saúde mental, mas também oferecem um ambiente mais equilibrado para seus filhos.

Mudança e Aceitação: Encontrando o Equilíbrio:

Na jornada do TEA, há aspectos que não podem ser modificados, mas há muitos outros que dependem exclusivamente de nós. Não podemos mudar o diagnóstico, mas podemos mudar nossa forma de enxergá-lo. Não podemos controlar todos os desafios do dia a dia, mas podemos buscar estratégias para enfrentá-los com mais leveza.

A aceitação verdadeira não significa conformismo, mas sim aprender a lidar com as dificuldades sem perder de vista o amor, a paciência e o respeito pelo próprio processo. Quando os pais aceitam a realidade e se cuidam emocionalmente, não apenas fortalecem a si mesmos, mas também criam um ambiente mais seguro e acolhedor para que seus filhos possam se desenvolver com todo o potencial que possuem.

Se você é um pai ou mãe de uma criança autista, lembre-se: você não está sozinho. E para cuidar do seu filho da melhor maneira possível, você precisa, antes de tudo, cuidar de si.

Cuidar de si também é um ato de amor. Um amor coletivo, que parte de uma ação para contaminar de maneira saudavel todos ao seu redor.